Escoteiros dos EUA continuarão a proibir entrada de membros gays

History of the Boy Scouts of America

A organização Escoteiros da América, responsável pelos grupos nos Estados Unidos, anunciaram nesta terça-feira que continuarão a proibir a entrada de membros gays, após dois anos de discussão interna. A justificativa apresentada é a “proteção dos direitos das famílias que preferem manter privada a sexualidade”.

“A grande maioria dos pais de jovens que servem no nosso grupo valorizam o direito de discutir questões sobre orientação sexual com suas famílias, com assessoria espiritual, e no tempo e lugares apropriados”, disse Bob Mazzuca, diretor executivo da Escoteiros de América.

“Enquanto a maioria de nossos membros concordarem com essa política, nós entendemos completamente que nenhuma política individual vai acomodar as diferentes visões sobre nossos membros ou sociedade”.

O estudo para avaliar a presença de homossexuais começou em 2010, em um comitê de voluntários e líderes profissionais que refletiram “a diversidade de perspectivas e opiniões”. Após dois anos, nenhuma ação pôde ser tomada.

A decisão coincide com um veredicto da Suprema Corte americana, de 2000, que autorizou a entidade a proibir e banir homossexuais cuja conduta viole os valores da entidade.

CAMPANHA

Nos últimos dois anos, foi iniciada uma campanha contra a proibição nos Estados Unidos, liderada por Zach Wahls, líder escoteiro com mães lésbicas, e Jennifer Tyrrell, mãe lésbica que foi expulsa da organização em abril por causa da política interna do escotismo.

Em comunicado, os dois reagiram de forma decepcionada com a manutenção da decisão. Tyrrell, inclusive, continuará a enviar um pedido à sede do grupo, em Irving, no Texas, para reincorporá-la.

“Um comitê secreto de 11 pessoas não pode ignorar centenas de milhares de pessoas em todo o país, incluindo milhares de escoteiros e famílias”.

O grupo Escoteiros da América afirma ter mais de um milhão de voluntários até o fim de 2011 em todo o território americano. A organização foi fundada em 1910, como parte de um movimento internacional estabelecido no Reino Unido pelo general Robert Baden Powell.

Fonte: Folha de S.Paulo – Mundo – Escoteiros dos EUA continuarão a proibir entrada de membros gays – 17/07/2012.

Meu comentário:
A decisão da Suprema Corte referida na reportagem foi dada no ano 2000: Boy Scouts of America et al. v. Dale.
A decisão teria sido a mesma se os escoteiros (ainda) excluíssem negros? Ou se excluíssem judeus? Essa “liberdade de associação” afirmada na decisão viola o “substantive due process” já há tanto tempo criado pela Suprema Corte dos EUA.  No Brasil conhecemos isso como “devido processo legal horizontal”. Essa decisão viola os princípios de igualdade e não-discriminação, também velhos conhecidos da S. Corte desde, pelo menos, 1954 com Brown vs. Board of Education of Topeka.
Há uma Petição Online contra essa discriminação, ver aqui.